quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Ciberespaço

O cenário do ciberespaço é construído por Lévy a partir das tecnologias digitais de informação e comunicação em redes criadas no início dos anos 80, que se tornaram um fenômeno econômico e cultural: redes mundiais de universitários e pesquisadores, redes empresariais, correios eletrônicos, comunidades virtuais e outras. Baseando-se na cooperação anarquista de milhares de centros informatizados no mundo, a Internet tornou-se o símbolo desse novo meio e comunicação e produção cultural: “em 1994, mais de 20 milhões de pessoas, essencialmente jovens, estavam ‘conectados’”.
Nesse sentido, poderíamos estar vivendo “um desses momentos extremamente rara em que uma civilização inventa a si própria, deliberadamente” por isso o autor considera urgente destacar os aspectos civilizatórios ligados ao surgimento da multimídia: novas estruturas de comunicação, de regulação e de cooperação, linguagens e técnicas intelectuais inéditas, modificação das relações de tempo e espaço etc. Escolhas políticas e culturais fundamentais abrem-se diante dos governos, dos grandes atores econômicos, dos cidadãos. Não se trata apenas de raciocinar em termos de impacto. Mas também em termos de projeto . Para Lévy esse projeto seria coletivo, representando a oportunidade para o exercício de um novo humanismo, que inclui e amplia o conhece-te a ti mesmo (do Oráculo de Delfos, notabilizado por Sócrates) para um aprendamos a nos conhecer para pensar juntos, e que generaliza o penso, logo existo (de descartes) em existimos eminentemente como comunidade (que, por sua vez, reflete a visão cosmopolítica de Kant).
É com este quadro de referência que Lévy coloca, a nosso ver, sua inteligência coletiva no âmbito das utopias planetárias, com o argumento de que em decorrência do desenvolvimento dos meios eletrônicos de comunicação “em pouco tempo, teremos passado... de uma humanidade a outra”, de modo a sugerir a hipótese da emergência de um novo espaço antropológico.

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