segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Pensando na Cibercultura

A cibercultura é definida por Pierre Lévy como “o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos, de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço” (Lévy, 1999, p.17). De acordo com o autor, ciberespaço “..é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores. O termo especifica não apenas a infra-estrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações que abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo” (Ibidem, p.17).
Segundo Lemos (2009), “a “..civilização do virtual está imersa nesse processo simbiótico entre o homem e a técnica. “O processo de conversão do mundo em dados binários através das novas tecnologias do virtual, atravessa todos os aspectos da cultura contemporânea (educação, economia, política, lazer, etc.)” (pág. 4). Em outras palavras, a nova geração já é diferente da geração anterior, por influência das novas tecnologias. É difícil imaginar o mundo sem a Internet (Word Wide Web). Somos a civilização do virtual, não apenas por inventar, mas também por legalizar e tornar a realidade virtual algo real.
A relação entre cultura, tecnologia e sociedade são algo intrínseco. De acordo, com Lévy, deveríamos pensar que as tecnologias são produtos de uma sociedade e de uma cultura e que a diferença entre elas é apenas conceitual. “As verdadeiras relações, portanto, não são criadas entre “a” tecnologia (que seria a ordem da causa) e “a” cultura (que sofreria os efeitos), mas sim entre um grande número de atores humanos que inventam, produzem, utilizam e interpretam de diferentes formas as técnicas” (Lévy, 1999, p. 23).
Sendo assim, devemos analisar a relação da educação com a cibercultura destacando a velocidade de surgimento e de renovação dos saberes e savoir-faire, bem como o ciberespaço que suporta tecnologias intelectuais que amplificam, exteriorizam e modificam numerosas funções cognitivas humanas, tais como, memória, imaginação, raciocínio, etc.
È possível perceber que as novas tecnologias favorecem as novas formas de acesso à informação, por meio da navegação por hiperdocumentos, pesquisa através de diversos mecanismos, simulações, comunicação em rede, entre outros.
De acordo com BURGOS (2009), os discursos que davam destaque aos prejuízos dos novos padrões virtuais eram improdutivos e muitas vezes ideológicos. “Isso, porque, em essência, os usos da internet são... esmagadoramente instrumentais e estreitamente ligados ao trabalho, à família e á vida cotidiana”.
Uma das características que surgem nesse novo contexto virtual é a inteligência coletiva, que é definida por Lévy como sendo a utilização otimizada dos dispositivos digitais como a comunicação interativa e comunitária. E o ciberespaço é um dos suportes da inteligência coletiva, criando condições para seu próprio desenvolvimento, por meio do fornecimento de um ambiente propício. “O ideal da inteligência coletiva passa, evidentemente, pela disponibilizarão da memória, da imaginação e da experiência, por uma prática banalizada de troca dos conhecimentos, por novas formas de organização e de coordenação flexíveis e em tempo real”.
De acordo com Lévy (1999):
“a grande questão da cibercultura, tanto no plano de redução dos custos como no do acesso de todos à educação, não é tanto a passagem do “presencial” à “distância”, nem do escrito e do oral tradicionais à “multimídia”. È a transição de uma educação e uma formação estritamente institucionalizadas (a escola, a universidade) para uma situação de troca generalizada dos saberes, o ensino da sociedade por ela mesma, de reconhecimento autogerenciado, móvel e contextual das competências”
Segundo Lévy (1999): “Com esse novo suporte de informação e de comunicação emergem gêneros de conhecimentos inusitados, critérios de avaliação inéditos para orientar o saber, novos atores na produção e tratamento de informações”.
Em suma, a cibercultura e o ciberespaço oferecem, entre tantas oportunidades, a possibilidade de se concretizar uma nova forma de educação: a modalidade de Ensino à Distância, que possibilita a ampliação de acesso de muitos brasileiros a cursos de nível superior, entre outros, com um custo menor do que os observados nos presenciais.

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